Muito já foi dito sobre a vinda do Anticristo. Alguns disseram bem, outros disseram a seu bel-prazer tudo aquilo que de sua imaginação puderam subtrair. Esses últimos, no entanto enganaram-se a si mesmos. Não tenho aqui, nem a boa intenção dos primeiros, nem a pretensão enganosa dos segundos. Irei refletir alguns pontos que considero de importância relevante que encontrei num comentário do maior doutor dos santos: Santo Tomás de Aquino, o Doutor Angélico. O texto foi extraído do site oficial da Congregação Vaticano para o Clero: http://www.clerus.org/ em sua versão espanhola.
É o Comentário da Santo Tomás de Aquino à segunda epístola de São Paulo aos Tessalonicenses.
A tradução é de minha autoria, sendo que já peço desculpas por possíveis erros.
1) Comentando sobre II Tes cap. 2, no versículo 4, onde diz o Apóstolo:
(...) o qual se oporá (a Deus), e se elevará sobre tudo o que se chama Deus, ou que é adorado, de sorte que se sentará no templo de Deus, apresentando-se como se fosse Deus. (...) (cf. Vulgata - tradução Pe. Matos Soares)
Santo Tomás diz:
(...) Sinal de sua culpa é o que diz: "até chegar a por seu assento no templo de Deus"; pois a soberba do Anticristo avantaja em muito a de todos os que lhe precederam. Porque assim como se lê de Caio César que quis em vida pusessem em todos os templos uma estátua sua e lhe dessem culto; e do rei de Tiro se diz em Ezequiel 28: "eu sou Deus"; assim é crível o faça o Anticristo chamando-se Deus e homem; e na prova disso se sentará no templo. Mas em que templo?
Acaso não foi destruído pelos Romanos? Por isso dizem alguns que o Anticristo é da tribo de Dan, que não se nomeia entre as outras doze (Ap 7,5); e por isso também os Judeus o receberam primeiro, e reedificaram o templo em Jerusalém, e assim se cumprirá o de Daniel 9,27: "e estará no templo a abominação da desolação" (Mt 24,15). Mas alguns dizem que nunca será reedificada Jerusalém, nem o templo, senão que durará a desolação até a consumação no fim do mundo. Crença que admitem também alguns Judeus; por isso a explicação que dão de "no templo de Deus" a referem à Igreja, porque muitos eclesiásticos o receberão (quia multi de Ecclesia eum recipient). Ou, segundo Santo Agostinho, se sentará no templo de Deus, isto é, exercerá seu principado e senhorio, como se fosse ele mesmo com os seus o templo de Deus, como Cristo o é com os seus. (...)
Referindo-se aqui ao Anticristo se assentar no templo de Deus, o que poderíamos compreender?
Ele (o anticristo) se sentará no templo de Deus? Mas se “no templo de Deus” referem-se à Igreja (segundo Sto. Tomás), então ele se sentará na Igreja de Deus!
Em seguida se diz que “muitos eclesiásticos o receberão”? O que se quer dizer com “o receberão”? Não seria o mesmo que dizer que os eclesiásticos lhe darão franquia?
E Santo Agostinho diz que ele exercerá o Principado e Senhorio de Deus, como se fosse ele mesmo como seus (comparsas) o próprio templo de Deus (a Igreja), do mesmo modo que Cristo com os fiéis católicos em estado de graça são também templos de Deus.
Concluindo, então o que pensar?
1) O Anticristo se sentará na Igreja de Deus.
2) Muitos eclesiásticos o receberão.
3) Sentado na Igreja de Deus, exercerá o Principado e Senhorio do mesmo Deus.
4) Como se fosse ele mesmo (o anticristo) com os seus, a Igreja de Deus. Veja bem que St. Agostinho diz “como se fosse”, ou seja, não diz que é a Igreja Católica. Talvez insinuando a presença de uma igreja falsificada.
Na conclusão, não caímos no erro protestante de afirmar que o Anticristo seria o Papa Católico, Sucessor de Pedro. O Anticristo poderia até estar assentado no trono de Pedro, mas nunca poderia ser um legítimo Papa. Pois nenhum legítimo Papa poderia ser um herege público como é o Anticristo. Tenhamos fé que se realmente o Anticristo chegasse a por seu assento na Igreja de Deus, ele nunca seria um legítimo e verdadeiro Papa.
2) Comentando sobre II Tes cap. 2, no versículo 8, onde diz o Apóstolo:
(...) E então se manifestará esse iníquo a quem o Senhor Jesus matará com o sôpro de sua boca, e destruirá com o resplendor de sua vinda; (...) (cf. Vulgata - tradução Pe. Matos Soares)
Santo Tomás diz:
Ao dizer logo: "e então se deixará ver", põe-se a chegada do iníquo e sua pena; primeiro sua manifestação, logo sua pena. Quanto ao primeiro diz: aquele, o único, iníquo, perverso, se deixará ver, porque sua culpa se fará patente, "a quem o Senhor Jesus matará com o alento de sua boca". - "O zelo do Senhor dos exércitos é o que fará estas coisas" (Is 9,7), isto é, o zelo da justiça, que é amor; porque o espírito de Cristo é o amor de Cristo, e este zelo é o que o Espírito Santo tem para com a Igreja. Ou com o alento de sua boca, isto é, por ordem dela; porque São Miguel lhe dará morte no Monte das Oliveiras, de onde Cristo subiu aos céus. De sorte parecida encontrou seu fim Juliano, o Apóstata, executado por mão divina. E esta é a pena presente, embora também será castigado com a eterna, porque "o destruirá com o resplendor de sua presença", isto é, com sua chegada que tudo o porá como um sol (1Co 4). E o destruirá, digo, com a eterna condenação (Sl. 27). Diz também resplendor, porque o Anticristo pareceu encher de trevas a Igreja, e as trevas são desterradas pelos resplendores; porque tudo o que o Anticristo dará a conhecer será demonstrado haver sido mentira. (Et dicit, illustratione, quia ipse visus est Ecclesiam obtenebrare, et tenebrae expelluntur illustratione, quia quicquid Antichristus ostenderit, ostendetur fuisse mendacium.) trad.: mendacium = mentira, invenção, disfarce.
O que podemos compreender sobre o fato do “Anticristo parecer encher de trevas a Igreja”? Como “encher de trevas”, podemos entender: encher de sombras; de obscuridade; de escuridão; de fumaça, pois a fumaça dificulta a visibilidade.
O Anticristo não somente lançaria pouca escuridão na Igreja, mas a encheria desta escuridão. Dando-se a entender que haveria trevas em muita quantidade.
Logo em seguida, comenta-se que o resplendor de Cristo mostrará que “tudo o que o anticristo dará a conhecer será demonstrado haver sido mentira”. O que entender disto?
O Anticristo dará a conhecer ou ensinará muitas mentiras em oposição à doutrina de Cristo confiada unicamente à sua Igreja.
Concluindo, então o que pensar?
1) Da primeira análise, o anticristo estaria no lugar do Papa.
2) O anticristo encheria a Igreja de trevas.
3) Ensinará mentiras, ou seja, falsas doutrinas.
Hoje em dia devido ao ativismo que nos escraviza, deixamos muitas vezes de refletir sobre aquilo que é essencial, para nos dedicarmos ao supérfluo. Somos relaxados e preferimos não nos comprometermos com tarefas árduas. Mas a nossa salvação não pode ser deixada para depois, já que ninguém sabe a hora que virá o Vinhateiro.
O que posso dizer é que hoje nos são oferecidos vários caminhos: Modernismo, Tradicionalismo, Sedevacantismo, etc. Não devemos nos rotular, dizendo: eu sou isso ou aquilo. Devemos ser somente Católicos Apostólicos Romanos.
Deus nos deu a razão, a inteligência e a vontade para que pudéssemos aprender aquilo que Ele mesmo nos revelou através de sua Igreja. Que possamos então refletir, estudar e entender tudo o que Ela nos ensina. Perceber se o Anticristo já está ou ainda não está visível ao mundo é tarefa muito difícil. É somente estudando que poderemos perceber se a doutrina de Cristo permanece à mesma confiada aos Apóstolos e aos Papas. É somente quando esta doutrina imutável tornar-se mutável que constataremos a presença do Anticristo, pois ele ensinará falsas doutrinas em oposição à verdadeira.
Na conclusão final prefiro que cada um siga àquilo que ensina a Igreja Romana, pois ela é o Fundamento e Sustentáculo da Verdade, que é Cristo Senhor Nosso.
Em Cristo, na Igreja.
Rodrigo.
É o Comentário da Santo Tomás de Aquino à segunda epístola de São Paulo aos Tessalonicenses.
A tradução é de minha autoria, sendo que já peço desculpas por possíveis erros.
1) Comentando sobre II Tes cap. 2, no versículo 4, onde diz o Apóstolo:
(...) o qual se oporá (a Deus), e se elevará sobre tudo o que se chama Deus, ou que é adorado, de sorte que se sentará no templo de Deus, apresentando-se como se fosse Deus. (...) (cf. Vulgata - tradução Pe. Matos Soares)
Santo Tomás diz:
(...) Sinal de sua culpa é o que diz: "até chegar a por seu assento no templo de Deus"; pois a soberba do Anticristo avantaja em muito a de todos os que lhe precederam. Porque assim como se lê de Caio César que quis em vida pusessem em todos os templos uma estátua sua e lhe dessem culto; e do rei de Tiro se diz em Ezequiel 28: "eu sou Deus"; assim é crível o faça o Anticristo chamando-se Deus e homem; e na prova disso se sentará no templo. Mas em que templo?
Acaso não foi destruído pelos Romanos? Por isso dizem alguns que o Anticristo é da tribo de Dan, que não se nomeia entre as outras doze (Ap 7,5); e por isso também os Judeus o receberam primeiro, e reedificaram o templo em Jerusalém, e assim se cumprirá o de Daniel 9,27: "e estará no templo a abominação da desolação" (Mt 24,15). Mas alguns dizem que nunca será reedificada Jerusalém, nem o templo, senão que durará a desolação até a consumação no fim do mundo. Crença que admitem também alguns Judeus; por isso a explicação que dão de "no templo de Deus" a referem à Igreja, porque muitos eclesiásticos o receberão (quia multi de Ecclesia eum recipient). Ou, segundo Santo Agostinho, se sentará no templo de Deus, isto é, exercerá seu principado e senhorio, como se fosse ele mesmo com os seus o templo de Deus, como Cristo o é com os seus. (...)
Referindo-se aqui ao Anticristo se assentar no templo de Deus, o que poderíamos compreender?
Ele (o anticristo) se sentará no templo de Deus? Mas se “no templo de Deus” referem-se à Igreja (segundo Sto. Tomás), então ele se sentará na Igreja de Deus!
Em seguida se diz que “muitos eclesiásticos o receberão”? O que se quer dizer com “o receberão”? Não seria o mesmo que dizer que os eclesiásticos lhe darão franquia?
E Santo Agostinho diz que ele exercerá o Principado e Senhorio de Deus, como se fosse ele mesmo como seus (comparsas) o próprio templo de Deus (a Igreja), do mesmo modo que Cristo com os fiéis católicos em estado de graça são também templos de Deus.
Concluindo, então o que pensar?
1) O Anticristo se sentará na Igreja de Deus.
2) Muitos eclesiásticos o receberão.
3) Sentado na Igreja de Deus, exercerá o Principado e Senhorio do mesmo Deus.
4) Como se fosse ele mesmo (o anticristo) com os seus, a Igreja de Deus. Veja bem que St. Agostinho diz “como se fosse”, ou seja, não diz que é a Igreja Católica. Talvez insinuando a presença de uma igreja falsificada.
Na conclusão, não caímos no erro protestante de afirmar que o Anticristo seria o Papa Católico, Sucessor de Pedro. O Anticristo poderia até estar assentado no trono de Pedro, mas nunca poderia ser um legítimo Papa. Pois nenhum legítimo Papa poderia ser um herege público como é o Anticristo. Tenhamos fé que se realmente o Anticristo chegasse a por seu assento na Igreja de Deus, ele nunca seria um legítimo e verdadeiro Papa.
2) Comentando sobre II Tes cap. 2, no versículo 8, onde diz o Apóstolo:
(...) E então se manifestará esse iníquo a quem o Senhor Jesus matará com o sôpro de sua boca, e destruirá com o resplendor de sua vinda; (...) (cf. Vulgata - tradução Pe. Matos Soares)
Santo Tomás diz:
Ao dizer logo: "e então se deixará ver", põe-se a chegada do iníquo e sua pena; primeiro sua manifestação, logo sua pena. Quanto ao primeiro diz: aquele, o único, iníquo, perverso, se deixará ver, porque sua culpa se fará patente, "a quem o Senhor Jesus matará com o alento de sua boca". - "O zelo do Senhor dos exércitos é o que fará estas coisas" (Is 9,7), isto é, o zelo da justiça, que é amor; porque o espírito de Cristo é o amor de Cristo, e este zelo é o que o Espírito Santo tem para com a Igreja. Ou com o alento de sua boca, isto é, por ordem dela; porque São Miguel lhe dará morte no Monte das Oliveiras, de onde Cristo subiu aos céus. De sorte parecida encontrou seu fim Juliano, o Apóstata, executado por mão divina. E esta é a pena presente, embora também será castigado com a eterna, porque "o destruirá com o resplendor de sua presença", isto é, com sua chegada que tudo o porá como um sol (1Co 4). E o destruirá, digo, com a eterna condenação (Sl. 27). Diz também resplendor, porque o Anticristo pareceu encher de trevas a Igreja, e as trevas são desterradas pelos resplendores; porque tudo o que o Anticristo dará a conhecer será demonstrado haver sido mentira. (Et dicit, illustratione, quia ipse visus est Ecclesiam obtenebrare, et tenebrae expelluntur illustratione, quia quicquid Antichristus ostenderit, ostendetur fuisse mendacium.) trad.: mendacium = mentira, invenção, disfarce.
O que podemos compreender sobre o fato do “Anticristo parecer encher de trevas a Igreja”? Como “encher de trevas”, podemos entender: encher de sombras; de obscuridade; de escuridão; de fumaça, pois a fumaça dificulta a visibilidade.
O Anticristo não somente lançaria pouca escuridão na Igreja, mas a encheria desta escuridão. Dando-se a entender que haveria trevas em muita quantidade.
Logo em seguida, comenta-se que o resplendor de Cristo mostrará que “tudo o que o anticristo dará a conhecer será demonstrado haver sido mentira”. O que entender disto?
O Anticristo dará a conhecer ou ensinará muitas mentiras em oposição à doutrina de Cristo confiada unicamente à sua Igreja.
Concluindo, então o que pensar?
1) Da primeira análise, o anticristo estaria no lugar do Papa.
2) O anticristo encheria a Igreja de trevas.
3) Ensinará mentiras, ou seja, falsas doutrinas.
Hoje em dia devido ao ativismo que nos escraviza, deixamos muitas vezes de refletir sobre aquilo que é essencial, para nos dedicarmos ao supérfluo. Somos relaxados e preferimos não nos comprometermos com tarefas árduas. Mas a nossa salvação não pode ser deixada para depois, já que ninguém sabe a hora que virá o Vinhateiro.
O que posso dizer é que hoje nos são oferecidos vários caminhos: Modernismo, Tradicionalismo, Sedevacantismo, etc. Não devemos nos rotular, dizendo: eu sou isso ou aquilo. Devemos ser somente Católicos Apostólicos Romanos.
Deus nos deu a razão, a inteligência e a vontade para que pudéssemos aprender aquilo que Ele mesmo nos revelou através de sua Igreja. Que possamos então refletir, estudar e entender tudo o que Ela nos ensina. Perceber se o Anticristo já está ou ainda não está visível ao mundo é tarefa muito difícil. É somente estudando que poderemos perceber se a doutrina de Cristo permanece à mesma confiada aos Apóstolos e aos Papas. É somente quando esta doutrina imutável tornar-se mutável que constataremos a presença do Anticristo, pois ele ensinará falsas doutrinas em oposição à verdadeira.
Na conclusão final prefiro que cada um siga àquilo que ensina a Igreja Romana, pois ela é o Fundamento e Sustentáculo da Verdade, que é Cristo Senhor Nosso.
Em Cristo, na Igreja.
Rodrigo.
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